PODCAST

Em Janeiro de 2021, o Movimento dos Trabalhadores em Arquitectura criou uma comissão para a expansão do movimento ao território nacional, que previa a realização de reuniões em diferentes cidades do país. Perante a impossibilidade de realizar eventos durante a crise pandémica – ainda que com a consciência da impossibilidade de substituir esse contacto – o movimento adiou esses eventos e criou o seu podcast, mantendo e promovendo contactos com novos elementos, fomentando a discussão sobre temas cruciais ao trabalho em arquitetura.

Focado nas condições de produção em arquitectura através da óptica, raramente apresentada, dos seus trabalhadores, o Podcast dos Trabalhadores em Arquitectura assume-se como veículo de difusão e aprofundamento da discussão em curso no Movimento, complementando a sua acção e promovendo novos momentos de reflexão, esclarecimento e solidariedade entre todos os trabalhadores. Através de uma perspectiva multi-disciplinar procura dissecar os mecanismos e actores envolvidos na prática da arquitectura, trazendo para debate questões eclipsadas por um discurso dominante em que o objecto final secundariza as condições em que este é produzido.

Sinopse dos episódios


Episódio 3 – Discriminação e Precariedade

Entrevista com Fátima Messias

Passados 110 anos do primeiro dia internacional da mulher, as reivindicações das trabalhadoras na defesa dos seus direitos continuam actuais.

Assinalamos este dia de luta, com o lançamento do terceiro episódio do Podcast dos Trabalhadores em Arquitectura, onde abordamos de que forma a discriminação em contexto laboral é um sintoma da deterioração estrutural das condições de trabalho, da impunidade e da desconsideração das leis laborais, sendo também reflexo directo das diversas formas de discriminação e preconceitos que subsistem na sociedade. Através da experiência sindical da nossa convidada Fátima Messias, procuramos compreender como pode a mobilização dos trabalhadores inverter estes processos e garantir o cumprimento da lei.

Fátima Messias é responsável pela comissão de igualdade entre mulheres e homens da CGTP-IN e membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da mesma central sindical. É dirigente da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM) e da União dos Sindicatos de Lisboa.

Episódio 2 – Intervenção Sindical

Entrevista com o Prof. Doutor João Leal Amado

Centrando-se nos nossos direitos laborais, na sua origem e na análise das razões pelas quais tantas vezes estes nos são recusados – e às quais não será alheio este processo de proletarização abordado no primeiro episódio, várias vezes referido também nesta conversa –, convidámos o Prof. Doutor João Leal Amado para descobrirmos a origem do Direito do Trabalho e, acima de tudo, perceber de que forma uma organização de trabalhadores pode ter um papel determinante na sua aplicação e evolução.

João Leal Amado é jurista e professor associado, regente de Direito de Trabalho, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é presidente da Direcção da Associação de Estudos Laborais e vice-presidente da Direcção do Instituto de Direito das Empresas e do Trabalho, membro de várias associações ligadas ao direito do trabalho, é redactor da Revista de Legislação e Jurisprudência e autor, entre muitas outras obras, do livro “Contrato de Trabalho”, editado pela Coimbra Editora.

Episódio 1 - Caracterização da Profissão

Entrevista com Alfredo Campos

Alfredo Campos é sociólogo e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e autor do inquérito lançado em Maio de 2019, dirigido aos profissionais da arquitectura, produzido no âmbito da sua tese de doutoramento "Trabalho, Poder e Precariedade: das relações de trabalho em emprego das profissões qualificadas". Convidámo-lo para conversar connosco, para nos ajudar a compreender melhor as alterações profundas que vêm marcando o exercício da profissão de arquitecto, explorando o confronto existente entre as dimensões liberal e assalariada da profissão, as lógicas de subordinação, a introdução de tarefas rotineiras no exercício da arquitectura, a generalizada estagnação da carreira, entre outros temas que, no fundo, parecem ser consequência de um processo de desprofissionalização e proletarização da Arquitectura.